sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A primeira ideia que ocorre a quem toma contato pela primeira vez com a minha estória é explicá-la através do conceito da reencarnação. Eu já escutei todo tipo de explicação nessa linha. Na verdade, foi a primeira explicação que me lembro de ter escutado. Por força de experiências descritas como similares a minha (mas que na verdade não são), a "normalidade" da minha situação era estabelecida por ligações de vidas passadas com Michelangelo. Regra geral, a explicação encontrada por todos os espíritas era de que eu teria uma ligação tão intensa com Michelangelo que eu nem teria consciência disso. Não me lembro de uma única vez ter sido sequer levantada a hipótese de eu ser uma reencarnação do Michelangelo. Pelo que entendia na época, eles descreviam Michelangelo como um espírito tão elevado e conhecido que eu jamais poderia ser ele, até porque eles sabiam do paradeiro da alma dele. Lembro-me com clareza de descrições a esse respeito, onde toda a trajetória de reencarnações do Michelangelo era de amplo conhecimento entre eles, os espíritas.
No começo do surgimento da arte, de 1980 a 1982, eu pouco me importava com toda essa fantasia a meu respeito. Mas depois do episódio da banca de jornal, na Rua Real Grandeza, quando a emoção que senti acabou com qualquer dúvida a respeito da minha identidade, mas que nem por isso eu deixei de pesquisar a autenticidade de tudo à minha maneira, eu passei a ignorar a opinião de terceiros por que estava claro demais que não havia como eu explicar tudo o que estava vivendo.
E a minha tia, espírita, com o intuito de me fazer desistir do caminho que tomava na época e me convencer a buscar o meu sustento (o "vil metal", nas palavras dela), foi no centro espírita dela buscar uma resposta definitiva a meu respeito. Tudo o que eu falava pra ela sobre a lembrança que eu havia tido da morte da tal Vittoria Colonna caía no vazio. A minha credibilidade era nehuma. E a resposta que ela me disse que ouviu no centro espírita foi um primor: "nem que sim e nem que não, impossível saber". Lembro-me de como ela ficou sem graça ao me dizer isso, afinal ela esperava um "não" definitivo para me trazer de volta a realidade da vida, da família e ect e tal. E eu me lembro de como lamentei de não ter escutado uma resposta negativa. Eu queria muito "enfrentá-los" a todos e mostrar que a minha experiência não estava acessível à ignorância deles. Não queria aliados. Nunca gostei de gente se metendo naquilo que havia surgido para mim quando li o trecho na banca de jornal sobre a "famosa Vittoria Colonna". Eu sabia que o que estava vivendo escapava das imbecilidades repetidas à exaustão por aquela gente amiga da minha tia.
Mas agora, depois de três décadas de envolvimento com essa outra dimensão que me acompanha, depois de viver todas as comunicações imagináveis e entender a mecânica emocional da arte que faço por puro efeito colateral do sou, o que tenho a dizer sobre essas explicações espíritas (há muitas outras de outras linhas filosóficas) que escutava no início dos anos 80 é desconcertante.
Só pra começar, eu lamento dizer que jamais a palavra "reencarnação" surgiu em meio a qualquer situação que vivi. Não estou dizendo que esse conceito seja falso, mas tenho que ser claro. Nunca "entendi" ou "ouvi" uma única menção a essa ideia. Só há um único sonho que pode ser interpretado nesse sentido: o sonho dos "U" invertidos que descrevi no documentário.
Mas ficou muito clara para mim, nesse sonho, além de uma sucessão de vidas da qual a vida de Michelangelo seria apenas uma, como também a situção em que eu, ao estender a minha mão para tirá-lo do mar, permitia que a minha vida atual fosse dele também. É muito claro no final do sonho que eu e ele fomos unidos em um único ser.
Se eu estou deixando de ser Eurico Poggi e Michelangelo Buonarroti voltou a ser não é a questão. O meu problema sempre foi eu aceitar essa minha natureza e vivê-la plenamente, sem segredos ou medos. Apenas ser, sem me sentir obrigado a disfarçar nada.

2 comentários:

Unknown disse...

p´rocurtando por trabalhos com isopor, fiquei estupefato, com suas esculturas carnavalescas. nao sabia da existencia do grande artista entre nós. parabens.
gostaria de saber se ha apostilas ou qualquer material didático de sua altoria para a técnica de trabalhos em isopor. agradeço o retorno. robydal@uol.com.br

MichelAngelo BuonaRoti disse...

Oi robydal
Como você me encontrou?
Flickr? YouTube? Metacafe? Orkut?
Se você puder me esclarecer isso, poderei aprimorar a minha estratégia de divulgação da minha estória.

Não, robydal, não tenho nenhum material didático, mas jamais deixo de orientar quem me procura. É só me perguntar que eu respondo o possível.